domingo, dezembro 31, 2006

Até breve

Sujeita a restrições de serviços cibernáuticos, voltarei em momento incerto. E a postar a uns cento e poucos quilómetros mais abaixo.
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P.S.: Desejo a todos um 2007 à medida dos vossos sonhos!

Ano Novo, Vida Nova

Desta vez era mesmo.

Despedidas


Mas sem dizer adeus. Como dizia um professor que tive há muitos anos, Adeus é para quem morre!
Retirada daqui.

sexta-feira, dezembro 29, 2006

The last


With the opportunity to scrub in!

quarta-feira, dezembro 27, 2006

terça-feira, dezembro 26, 2006

N.B.

You must accept the things you cannot change. You have no ghosts and are not planning to adopt somebody else's. And above all, water and air were not the greatest of combinations, anyway.

domingo, dezembro 24, 2006

Boas festas...

ou não. Conforme aprouver a credos, religiões e outras disposições.
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[A bem da tolerância e pluralidade.]

sábado, dezembro 23, 2006

As if...

She was [almost] a blank slate.

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Crónicas de uma partida an[un]siada #11

Foram as duas fazer compras de Natal para a Baixa. Mãe e filha. Como não acontecia há uns anos (das últimas vezes faziam-nas, apressadamente, nas grandes superfícies). O desejo de enlear o passado na vigência da partida. Ambas concordaram que a decoração da Avenida estava um tanto ou quanto pindérica, com aquelas luzinhas a pender das árvores. Pararam por breves instantes para ver e ouvir os cânticos, frente a um palco montado no empedrado. Poucos mesmo, o frio glacial não oferecia tréguas. Cúmplices e alegres, riam, abraçavam-se, seguravam nos sacos. Horas prazenteiras. E, no regresso [como acontecia sempre], pararam na Ribeiro onde compraram um quarto de quilo de cacos e outro de pirilampos, que degustaram pela rua.

A prudência, a aprendizagem ou a mudança de estratégia

Queria falar. Queria deixar verter os pensamentos, mas a prudência deteve-a. Isso e o bom conselho de um amigo. Desses que sabemos bons mas nunca seguimos. Mas estava decidida a quebrar o malfadado costume. Até porque a vida era curta e, perante a inevitabilidade de cometer erros, preferia cometer erros novos.

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Engate [gorado] de noite, na Via Latina

- O Todo-Poderoso não vai ficar contente por me teres desprezado.

Reencontro na Feito Conceito

A expressão hiperbolizada, mas dita com surpresa e gosto autênticos:
- Pensei que nunca mais te ia ver na vida!
Alguém perguntou como se tinham conhecido. Ela respondeu:
- Hummm... Na máquina das gasimetrias.

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Faltava dizer-te...

...thank you for having smoked my anxiety over that couple of cigarettes, that day.

Relativizar (aparvalhando)...

Porque há males que vêm por bem.
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Porque sinto que a minha vida está prestes a começar e é a melhor sensação do mundo!!
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Porque os cacos da Oncologia são melhores que os cacos da Medicina Interna.
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Porque não ter algumas das coisas que queremos faz parte integrante da nossa felicidade [esta acho que é do Dalai Lama, mas não tenho a certeza, nem vou verificar].

Come again?!

Ao telefone com o homem que melhor conhecia, durante um relato mais ou menos banal, teve a súbita impressão, após uma tirada dele, que não percebia nada dos homens. Ou das mulheres. Quem sabe, das pessoas.

domingo, dezembro 17, 2006

Crónicas de uma partida an[un]siada #10

Depois de terem trazido o André ao mundo, enquanto barravam requeijão no pão-de-ló e por cima deixavam pingar o mel caseiro com fartura, disseram-lhe que só tinham pena que ela fosse lá para baixo e as fosse deixar. Ela sorriu, agradecida.

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Crónicas de uma partida an[un]siada #9

Ele: Se bem que Coimbra é uma cidade pequena... Mas pronto, vais conhecer gente nova, sítios diferentes...
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Ela: Eh pá, tás parvo?! Vê lá se fosse Guarda, Bragança ou Elvas... Além disso Coimbra tem FNAC!!
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Ele: [gargalhando] Ya... FNAC. Então sobrevive-se!

Crónicas de uma partida an[un]siada #8

Porque já estava na altura.

Neoplasia

do Gr. neós, novo + plásis, formação
espaço
espaço
Alguém dizia há tempos que o início era a morte. Desenganem-se. O início é o cancro.

Crónicas de uma partida an[un]siada #7

Perante os dados que foram lançados, a melhor jogada [creio].
À medida que a adrenalina desce no sangue, o sorriso aumenta na face.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Tomorrow, please wish me...

Merda, merda, merda... infinitas vezes merda.

Crónicas de uma partida an[un]siada #6

Alguém com certos poderes de adivinhação, vaticinou esta manhã. E eu acredito. Saio de casa com um sorriso nos lábios e um nervoso miudinho no corpo.

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Crónicas de uma partida an[un]siada #5

Começou a semana infernal. Cada minuto que (não) passa é um prego que se enterra mais fundo.

sábado, dezembro 09, 2006

Crónica de uma morte ansiada

Li: Ca da vulva em fase terminal. Não imaginei um cenário bonito. Estava a consultar o processo, não conhecia ainda a doente. Quando entrei na enfermaria, acompanhada de uma colega mais velha, deparei-me com uma sorridente senhora de 80 anos, a quem a filha fazia companhia. Afável, super-lúcida, apenas ligeiramente queixosa. Estava ansiosa por ter alta e regressar a casa. Como já vinha sendo habitual, sobretudo ao longo do último ano. Internamentos de repetição para gerir intercorrências agudas. A doente não foi diagnosticada a tempo por vergonha de ir ao médico. Andou 30 anos com o tumor a crescer. Trinta anos. Agora, o basocelular tinha-se estendido a toda a bacia. Eu nunca tinha visto nada assim. Afiançaram-me que provavelmente nunca iria ver nada igual. O tumor invadia a vagina, o útero, a bexiga, a coxo-femural esquerda, o intestino. Na verdade, toda a bacia daquela mulher era o tumor. Confinada a uma cadeira de rodas, estava colostomizada, algaliada e tinha uma ferida colossal. Nem me atrevo a descrever. Valia-lhe o acompanhamento do anestesiologista da consulta da Dor Crónica. E a filha, zelosa. E o seu estoicismo. Houve um momento em que não aguentei. Nasceu-me um nó na garganta, e, aproveitando a colega estar a falar com a senhora e a familiar, discretamente, olhei pela janela: um entardecer lindo. Não sei se foi por olhar o Douro, mas os meus olhos encheram-se de lágrimas e apeteceu-me mergulhar na profundeza do rio. Respirei fundo, segurei as lágrimas como pude. Não cairam. Ainda bem. Mas o meu coração minguou. Já voltei para casa e ele ainda não recuperou o tamanho original. Talvez amanhã.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Crónicas de uma partida an[un]siada #4

Chovia torrencialmente e o vento dificultava ainda mais o controlo do veículo. Anoitecera já há um bom pedaço. No entanto, na auto-estrada Guimarães-Porto, ao volante do seu carro, nada lhe parecera tão claro: tinha que dar o grito do Ipiranga.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Hoje, a conjuntiva

Não querer ficar e querer partir.

Crónicas de uma partida an[un]siada #3

Viviam-se dias difíceis. De angústia delongada, com exacerbação recente indisfarçável nos rostos dos semelhantes. Noites mal dormidas que espontavam em humores precários. Tudo em jogo. O real e o hipotético. O presente e o futuro. As prioridades mais retalhadas que no matadouro. E ainda antes dos golpes, rotulá-las: geografia, vida familiar, riqueza, qualidade de vida, estado, privada, especialidade, renome, instituição... A lista era extensa. Carente de ordenação. E exigiam-se poderes divinatórios. No limite, do resto das suas vidas. No outro extremo, talvez de uma dúzia de revoluções lunares. E a imprevisibilidade desse mesmo limite. A contingência de tudo.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Black magic

Há coisa de umas semanas, caí sob o feitiço de uma voz... Na verdade, de duas. Mas só esta canta.
E como canta!...

Shara Worden - Golden Star

terça-feira, novembro 28, 2006

Crónicas de uma partida an[un]siada #2

Todos os dias planeava levar a máquina fotográfica, no dia seguinte, na mochila. E todos os dias saía sem ela. Mas as suas duas objectivas castanho-esverdeadas sobejavam em lentes, eram rápidas no disparo e tinham memória de vários gigas.

Crónicas de uma partida an[un]siada #1

Ultimamente, vagava a cidade na ambivalência: nunca ter amado tanto essas ruas que lhe pertenciam por direito de nascença, e estar já apartada delas como por uma cortina de vidro que permitisse ver, mas não tocar.

Oscilações

O medo. O desejo de precipício. E o medo. E o desejo de precipício. De novo, o medo. Na volta, o desejo de precipício. Insistentemente, o medo. Persistentemente, o desejo de precipício.

domingo, novembro 26, 2006

Mais Cesariny

AMA como a estrada começa
espaço
espaço
Pena Capital, Mário Cesariny

Pastelaria

Afinal o que importa não é a literatura
nem a crítica de arte nem a câmara escura

Afinal o que importa não é bem o negócio
nem ter o dinheiro ao lado de ter horas de ócio

Afinal o que importa não é ser novo e galante
- ele há tanta maneira de compor uma estante!

Afinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos frente ao precipício
e cair verticalmente no vício

Não é verdade, rapaz? E amanhã há bola
antes de haver cinema madame blanche e parola

Que afinal o que importa não é haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita gente que come

Que afinal o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!

Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo
à saída da pastelaria, e lá fora - ah, lá fora! - rir de tudo

No riso admirável de quem sabe e gosta
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra

Nobilíssima Visão, Mário Cesariny

Mário Cesariny [1923-2006]

O Riso Útil

o riso útil da amorosa
retine de tal maneira
no pobre quarto cor-de-rosa

que as tuas mãos de senhor
já não sabem por que milagre
ainda é puro o amor

Manual de Prestidigitação, Mário Cesariny

quarta-feira, novembro 22, 2006

Frase do dia

- Sabe, Dra., eu ando à procura do homem dos 3 oitos: 80 anos, 800 mil contos e 8 dias de vida!
Ela, viúva, de 67 primaveras e sorriso ladino.

sábado, novembro 18, 2006

Quando o céu e a terra se tocam

Hoje percebi que se tocam. O céu e a terra. Ligam-se por pontes aquosas. Para interromper a distância estival. Mais agora, no tempo frio. As nuvens iniciam o pranto, cadenciado o primogénito, taquicardíaco o que lhe segue. Quantas vezes, torrencial. De ritmo e magnitude ditadas pela urgência da saudade. Com o solo a acolchoar a queda, amante silente e atento, em jeito de afago redentor.
Tocam-se, dizia. A terra e o céu. Quando chove.

sexta-feira, novembro 17, 2006

Must-read posts

A não perder. Sobretudo este: corrosivo e certeiro.

domingo, novembro 12, 2006

Metaphorically speaking

Disse-me que, para ele, o Porto era uma puta. Mas no sentido literário do termo.

sábado, novembro 11, 2006

MostrEM - parte 2

Estuda o Harrison de fio a pavio
autopsia-me com minúcia
passa-me na gama-câmara
exclui-me a glomerulonefrite
extirpa-me o glioma
atende-me na via verde do AVC
faz-me o TC cerebral
vê-me o fundo de olho.
Se preciso, dois ou três ciclos de quimioterapia
a reparação da ruptura do LCA do joelho direito
ou mesmo o exame do cavum.
Pede-me é toda a bateria de análises
não vá eu ter um parainfluenza mal estudado
e depois precisar de consultas de acompanhamento de adolescentes.
O Rx tórax (como deixar de fazê-lo?)
o antidepressivo (como deixar de o prescrever?)
a ecografia abdominal (mas só até às 10h30 da noite)
a radioterapia (esta, só para alguns).
Se ainda assim estiveres às escuras, mais vale pedir uns ANA.
O importante é a saúde da comunidade
e as consultas de infertilidade.

terça-feira, novembro 07, 2006

Alexander Bell e tubos de ensaio

As palavras - acompanhadas, escritas, lidas, trocadas - tinham agora uma voz. As palavras e algumas escassas imagens (tinham agora uma voz). Adquiriram compasso, timbre, entoação, pronúncia. Todos de características diferentes do imaginado.
Era quase como uma reacção química - em que a mistura dos reagentes dá origem a algo previamente inexistente - cor, cheiro, nova substância... Aqui era a voz.
Agora só faltava a voz ganhar corpo.

domingo, novembro 05, 2006

sexta-feira, novembro 03, 2006

MostrEM - parte 1

Estende-me numa lâmina
injecta-me o propofol
toma-me o pulso
corrige-me a transposição dos grandes vasos
transplanta-me um pulmão
ou até mesmo um fígado.
Faz-me depois uma mamoplastia
corrige-me o pé boto
põe-me um stent endovascular
trata-me a couperose a laser
prescreve-me 12 U de insulina
faz-me a hemostase da epistáxis
submete-me a uma EDA
testa-me o DNA
assiste-me no parto e faz-me a episiotomia
pede-me o hemograma
e também as IgEs
transfunde-me 2 UGR.
Dá-me é o antibiótico.
Põe-me a fazer cinesioterapia.
Mas passa-me o P1.

quarta-feira, novembro 01, 2006

Dia de Todos os Santos (em 4 tempos) - Quarto

Regressei de alma fresca. Como sempre.

Dia de Todos os Santos (em 4 tempos) - Terceiro

Passeei um pouco pelo cemitério. Hoje era um dia feliz. À saída, notei que as árvores também se vestiram a rigor.

Dia de Todos os Santos (em 4 tempos) - Segundo

Varri as folhas. Acendi as velas. Coloquei as flores. Relembrei-te a Deus.

Dia de Todos os Santos (em 4 tempos) - Primeiro

Fiz-me à estrada.

segunda-feira, outubro 30, 2006

Manic Monday

Na rádio passava a música das Bangles. Mas era mentira. Não havia sequer o tráfego costumeiro que justificasse qualquer atraso na entrada ao serviço. Às 14:13h a cidade mantinha-se silenciosa. Adivinhavam-se artigos e baixas a rondar o feriado. Até o vento estava de folga. O ar pesava nos brônquios. As gaivotas delineavam os telhados. A tempestade impregnava os corações.

sábado, outubro 28, 2006

Last Nomads of Rajasthan

Mal se entrava na sala, o cheiro a incenso. Um painel no palco. A atmosfera estava pronta. Gostei muito. Vibrei mesmo! Do início ao fim, não parei na cadeira. Houve quem saísse a meio. Mas ficou quem gostava. Os trajes multicolores. Os cantares do deserto de Thar. Os tambores, os guizos, as facas, o gingar dos corpos. A música não era só o som; era também movimentos e vestes. Gostei. Muito.

segunda-feira, outubro 23, 2006

Sol de Outubro

El sol de octubre ciñe
al paisaje maduro.
Otorga a lo que vive
su plenitud de fruto.

El aire se hace de oro,
se enjoya de susurros,
panal de los dulzores,
reino del ritmo puro,

melodía de flauta
que derrumba lo oscuro,
entra por la ventana,
dibuja desde el júbilo

seres con sosegada
vocación de desnudo,
criaturas del gozo
que llegan de otro mundo.


Cuaderno de Nueva York, José Hierro

domingo, outubro 22, 2006

Tender Trap

Deliciously caught, last night...

quinta-feira, outubro 19, 2006

Things are lookin' up...

O mapinha saiu melhor que as previsões. Há mesmo quem diga que é bom. Resta saber quando se traçam as rotas. Nestas estradas, embora as SCUTs com portagem ou sem ela também possam importar, jogam-se valores mais altos.

Sabor a Saudade


terça-feira, outubro 17, 2006

New roads...

Thank you.

segunda-feira, outubro 16, 2006

Rasganço

Visitar a cidade durante a sua ausência era como folhear as páginas de um diário de memórias, às escondidas. E essa ideia imprimia-lhe um sorriso nos passos e uma curiosidade no olhar.

sexta-feira, outubro 13, 2006

Pinky clássica

Ele diz 1949. No meu B.I. figuram algarismos diferentes nas dezenas e nas unidades.
O melhor mesmo é fazer a datação com carbono 14, para tirar teimas.

terça-feira, outubro 10, 2006

Imoral(terceira)idade dentro de quatro paredes

Entrou, despachada, no consultório. Setenta e dois anos, boas cores, óptimo estado geral. Queixas? As do costume. Do costume, para quem tem patologia osteodegenerativa da coluna. Não fosse o diagnóstico e os resultados das TCs anteriores estarem escritos no processo da doente, e não se adivinhava só de olhar.
Mediu-se a tensão, auscultou-se, renovaram-se as receitas. E a conversa vai fluindo. Conta a senhora que procura um trabalho. Emprego não, que já não tem idade para isso. Mas um trabalho. Para ter desculpa para não estar todo o dia encafuada em casa, mas sobretudo para ganhar algum dinheiro. Vive com o único filho, nora e neto que já frequenta o secundário. É ela que cozinha, limpa, lava a roupa e engoma para todos. Não escuta sequer uma palavra meiga. Um agradecimento. Fica sempre de fora das férias familiares. E ainda põe dinheiro (uma vintena dos antigos contos) para as despesas da casa. E teve parcos dias estipulados para ir chorar a morte da irmã, aqui há tempos. Que o serviço da casa não podia ficar por fazer. É a nora, diz. Detesta-a. Aguenta-a pelo filho. Pelo neto.
Eu e minha colega entreolhámo-nos. Aconselhámo-la a procurar talvez uma distracção, fazer companhia a pessoas idosas e doentes, grupos de actividades culturais, lembrámos que esforços exagerados poderiam piorar uma situação clínica estável e controlada, indicámos-lhe algumas instituições e grupos... Ela disse que já tinha pensado nisso... Mas não podia estar fora de casa muitas horas. Ai, se eu não faço o serviço!... Prometeu pensar sobre o assunto. No entanto, depois de se despedir, enquanto fechava a porta, ainda nos lançou a pergunta:
- Mas como é que eu, assim, me torno independente?

sexta-feira, outubro 06, 2006

Maleita s.o.e.

Órgãos fortalecidos (músculos, então! os tríceps já aguentam com 40 repetições de 3 Kg cada), visão turva (é das lentes de contacto que já passaram da validade; já encomendei 2 caixas), noites pensativas e despertas (os programas mais interessantes só passam na TV a altas horas). Resistir com um nadinha de esperança. Mas, eu por mim, vou persistindo insistentemente. Nessa coisa de encerrar conscientemente um passado consumado.

segunda-feira, outubro 02, 2006

Diferenças

Não querer ficar não é o mesmo que querer partir.

Esta semana

4 lugares: Batô, Guarany, ginásio, Bonaparte
4 tempos: 25 anos, 12 anos, 1 mês, 5 meses
4 sabores: café, água tónica, bolachas de canela, chocolate preto
4 leituras: Relatório de Actividades 2005 da Unidade de Saúde dos Guindais, O Cego de Sevilha, Os Indiferentes, Revista Xis de 23 Set

sexta-feira, setembro 15, 2006

A vidente

Esta tarde, quando ia de carro na marginal, um pouco antes de passar debaixo da Ponte da Arrábida, na direcção Ribeira-Foz, vi uma mulher sentada no muro a olhar o rio. Pouco passava das seis da tarde e o céu já vestia de pôr-do-sol. Ao longo desse muro vêem-se sempre vários pescadores, uns solitários, outros em grupo; há sempre gente a correr, de bicicleta, casais amorosos a passear, pares de amigas, turistas. Ela era mulher e estava sozinha, sem parecer esperar ninguém; de pernas cruzadas e cabelos levemente ondulados pelo vento. Hoje o tempo esteve bom, eu levava a janela meia aberta e desejei também fazer parte do cenário. Mas, estranhamente, - pensei de início - a rapariga não estava de costas para os carros a olhar a foz do rio e o poente. Estava de cabeça erguida, voltada para nascente. Não para onde o rio vai, mas de onde ele vem. Para o princípio. Depois entendi. Tinha os olhos bem abertos e a face serena. Estava a aprender a lição. A ouvir a verdade contada pelo cristal líquido. Fitando a direcção contrária. Quando todos olham o desaguar das águas. Fui a pensar nisto o resto do caminho. Achei uma atitude sábia. Também a mim me atraem agora os começos. De tudo. Os fins foram lá atrás.

quarta-feira, setembro 06, 2006

De férias...

finalmente!

sexta-feira, setembro 01, 2006

Cartas

Cartas. De papel. E com cheiro. A rosas ou a outro perfume suave. Sobretudo as de amor. E porque não as de amizade?, havia conjuntos de cartas e envelopes lindos, com desenhos, odores, e relevos e recortes, escrevi muitas a amigas minhas e lembro-me também de as receber. Coleccionavam-se. Mas, sobretudo, as de amor. Devem ter sido descontinuadas. Hoje em dia isso acontece a muitas outras coisas. Outro dia rompi a pulseira de couro do meu relógio e fui à loja comprar outra. Não havia. Tinha sido descontinuada. Tiveram que enviar o mostrador para a marca. Lá me resolveram o problema. Esperei 3 meses. Andei sem relógio. Perdi a noção do tempo. Mas ontem vi um filme onde havia uma casa sobre um lago. Ou lagoa. E cartas. Muitas. E já me decidi. Acho que vou começar a escrever cartas. Em papel. E a deixá-las numa caixa de correio. A ver o que acontece. Perdi a noção do tempo. Pode ser que aconteça algo. Quem sabe o amor. Não tenho é destinatário. Penso. Primeiro tenho que alugar uma casa no lago. Vivo perto do mar. Bolas! Bolas, não. Cartas.

sexta-feira, agosto 25, 2006

Ironias do Blogger

Pior: não é que quando escrevo o mail no post, ele cria um link, e quando o quero pôr no template, não consigo?!
Acredito que isto tem certamente uma explicação muito simples. Mas que eu desconheço. Desconfio, no entanto, que tem a ver com linguagens HTML e coisas afins. Um mimo. E eu que pensei que a versão Beta era para descomplicar...

Andanças do Blogger

Quem percebe pouco destas coisas é assim. Estava ainda a saborear a minha vitória de ter conseguido actualizar o blog, passando-o à versão Beta, e já desanimo ao ver que não consigo pôr assim ali no cantinho superior direito o meu mail, sim, daqueles com link, em que se carrega e o editor de correio electrónico começa a funcionar...
P.S.: Aceita-se ajuda de blogger caridoso. E para quem estiver interessado, a morada mantém-se: pink4mail@yahoo.com.br

terça-feira, agosto 22, 2006

Breakthroughs em Imunidade humoral

Dados preliminares permitem-me constatar que também se desenvolvem defesas contra as relações amorosas idas. E específicas para o antigénio. E também se produzem IgG, de protecção indefinida (ainda meramente uma hipótese).
Pelo sim, pelo não, vou continuar a fortalecer o meu sistema imune com períodos de exposição moderada ao sol e banhos de mar, nas iodadas praias nortenhas.

segunda-feira, agosto 21, 2006

Chavões de Enfermaria

- Quem foi o médico que prometeu uns exames ao doente da cama 13?
- Ao senhor M.? Fui eu, Sr. Enfermeiro. Mas quem o ouvir dizer isso... O homem vai mesmo fazer um Rx tórax, já está pedido e até já liguei para os técnicos lá em baixo. Os mensageiros é que nunca mais aparecem para levar o doente.
- Ai, Doutora, Doutora... É que o homem nunca mais se cala a perguntar quando é que vai fazer o exame. É que sabe, os doentes são como as mulheres: não se lhes pode prometer nada.

sábado, agosto 12, 2006

Tonight...

Rolling Stones!

domingo, agosto 06, 2006

Agosto

O calor. A esplanada ao fim da tarde. Ou o pequeno-almoço na esplanada deserta. Chegar a horas ao trabalho. Usar pouca roupa por baixo da bata. A cidade que foi de férias. Desculpa para a moleza pós-laboral.

domingo, julho 23, 2006

Sorte ao jogo, azar ao amor.

A sabedoria popular ainda é o que era.

terça-feira, julho 11, 2006

"D resto nada de novo hehe"

Assim, tal e qual. Era assim que terminava a mensagem de telemóvel. Não pude deixar de esboçar um sorriso. Ainda bem. Ainda bem que não há nada de novo e ainda bem que o nevo era benigno.
Para o senhor E.A., na casa dos 60, essa seria a melhor coisa que lhe poderia acontecer. Isso, de não haver nada de novo. Mas para ele não foi assim. Entrou com uma erisipela nos membros inferiores e saiu com uma doença nova, que infelizmente não terá a boa evolução da erisipela e não passará certamente com antibiótico. Ao senhor E.A., essas criaturas que o examinam todos os dias na enfermaria, diagnosticaram-lhe um Linfoma de Células do Manto. Mas o senhor E.A. é um homem simples, que nos questiona repetidamente antes de cada exame marcado se terá de pagar alguma coisa para o fazer e que todos os dias nos lembra de pedirmos transporte de ambulância quando tiver alta, e o senhor E.A. todos os dias nos recebe com um sorriso e está contente com o seu novo pacemaker, a "pilha" que faz o coração bater certinho e melhor. Sim, tratadas que estão a erisipela e a FA com bradicardia e o bem que se sente agora o senhor E.A., poder-se-ia pensar que tudo estivesse bem. Mas não, há algo de novo: o maldito LNH, a maldita translocação t(11;14) e os números que não enganam: cerca de 25% de sobrevida aos 5 anos. E agora, agora que o senhor E.A. estava pronto para voltar de vez à sua terra, vai ter de voltar umas poucas de vezes para fazer um tratamento duro, intensivo e que lhe vai oferecer muito pouco. É isso mesmo, muito pouco, não vai servir para extirpar essa coisa "nova", essa coisa "ruim" que ele ainda não sente, mas que já começa a dar sinais de si. É a dura realidade do senhor E.A., uma realidade que ele não entende completamente, como homem simples que é, mas que não engana e está aí: mau prognóstico. Pela neoplasia que é, pela idade do doente e pelo estadio avançado em que está.
E é assim: a Medicina irá tentar, mais uma vez, empurrar a linha, atrasar o desfecho, é isso que sabemos fazer hoje melhor que ontem, e esperar para ver o que a Natureza nos reserva. De qualquer das formas, uma coisa é certa: para o senhor E.A. (e para os seus cuidadores) era melhor que, de resto, não houvesse nada de novo.

segunda-feira, julho 10, 2006

Horoscopes

"Or are you simply in love with the idea of being in love?"

sexta-feira, junho 30, 2006

Progress notes

S: Bem-disposta. Animada. Sem queixas de novo (e a esquecer as antigas).
O: Vigil, consciente e colaborante. Orientada para tempo, espaço e pessoa.
Bom aspecto geral. "Ruiva". Sorridente, unhas pintadas de vermelho vivo.
Mucosas coradas e hidratadas. Anictérica e acianótica. Sem SDR.
Hemodinamicamente estável. Taquicárdica. Apirética.
AC: "lub dub, lub dub"...
AP: MV presente e simétrico, sem ruídos adventícios.
Abdómen: plano,mole e depressível, sem SIP, indolor à palpação superficial e profunda, sem organomegalias, RHA + e N.
Membros inferiores: depilados.
A: Melhoria sintomática. A taquicardia deve-se à antecipação do fim-de-semana. No que concerne à orientação espacial é de acrescentar que não foi ela a responsável pela elaboração do roteiro (embora, caso tivesse sido, não resultaria grande prejuízo).
P: Aproveitar bem o fim-de-semana. Tracto GI preparado para ingestão de paellas, tapas, cañas e afins. 2a-feira é previsível o surgimento de algum cansaço (após noite de SU), mas este cederá certamente a umas boas horas de sono.

terça-feira, maio 23, 2006

As palavras que nunca te direi

Nunca te cheguei a revelar um hábito meu, um ritual que cumpria sempre que estava em casa, ao entardecer, desde que o Inverno tinha partido. Encostava-me ao parapeito da janela do quarto (sim, aquela janela rasgada) e, em silêncio ou com a música a tocar, ficava a ver o pôr-do-sol e a sorrir sozinha, de felicidade e gratidão, por te ter. Era um momento em que revivia peripécias nossas... tecia sonhos...
É por isso que, agora que tudo acabou, os pores-do-sol me são difíceis.

segunda-feira, março 20, 2006