So I did

Sim.

Coisas menores

- Não dês importância a isso. Nós vemos morrer todos os dias.

Cansada

Ando cansada de fazer e desfazer malas, cansada de estrada.

Cansada de Porto-Coimbra-Albufeira, Porto-Covilhã-Coimbra-urgência-Porto.

E é sabido que gosto de conduzir e viajar. Em férias, de preferência. Sobretudo, não em maratonas consecutivas.

Bastante cansada.

Daqui a 48 horas, são mais 12h de urgência.

Decepção no Algarve

Eu nunca gostei daquelas paragens.

Um bocado de tempo recheado de felicidade

Parecíamos 2 adolescentes.

Foi (És) fantástico!

Smooth

Há dias de trabalho que correm bem.

Lost

Algures entre os R-CHOP, BFM-90, Hyper-CVAD e outros de siglas impronunciáveis.

Subgrupos

Até hoje pensei que pertencia à brigada da QT.

Parece que não, pertenço a um grupo ainda mais restrito: o grupo dos sólidos.

Day 1

Madruguei, mas foi bom fazê-lo na minha cidade. Percorrer, invadida por um nervoso miudinho, as ruas que não me são estranhas. Andar de metro, literalmente apinhado, ainda antes das oito da manhã.

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Já só faltam 272 dias para estarmos de novo juntos.

Aproveitando a maré...

Ganhe quem ganhar, este blogue regressará em Outubro, a partir da Invicta.

"Quem invoca erradamente frases de Abel Salazar, nunca terá o meu voto."

A frase correcta é " O médico que só sabe Medicina, nem Medicina sabe". Foi celebrizada e, em sentido lato, atribuída a Abel Salazar, embora pareça ter sido proferida originalmente por um árabe.

Mas, ó Engenheiro Sócrates!, a frase não figura no pórtico nem é mote da FMUP, mas sim do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar.

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O meu voto já não ia para ele, mas isto agora serviu-me para usar a estratégia do Sr. Engenheiro: fazer-me de vítima e arranjar uma desculpa!

Warmer

Graças a uma reportagem da TVI, chegou-se à conclusão que Portugal tem poucos oncologistas.

O que vale é que a silly season está aí e daqui a 15 dias já ninguém se lembra.

Warm

Ensinaram-me, algum tempo depois de ali entrar, que eles partiam com o início do calor e com o cair da folha.

A dura realidade ensina-nos que estes dizeres não surgem por acaso.

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Não sei onde se esconde, agora que os recantos estão a claro, mas a senhora da foice anda por ali, lutuosa, a ensombrar os verões de muitos.

Freeze

Quando estamos juntos o tempo pára e o resto do mundo é qualquer coisa muito longe.

Esta semana...

... literalmente entre Coimbra e Porto. Todos os dias.

Reposição

O internamento. O especialista, o interno e o doente como tema.

Estreia

O Teatro de Vila Real como palco. A amizade e a Medicina por enredo.

Suspeita clínica

- Sempre bem disposta, sempre a sorrir!

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A minha boa disposição (desconfio) deve ser constitucional.

A espada sobre a cabeça

[...]

- Sabe, Dra., eu bem sei que estou condenada, mas enquanto cá andar queria, ao menos, ter conforto...

- Está agora condenada!... Não diga isso. Todos podemos morrer a qualquer momento: olhe, eu posso ir a sair do hospital e ser atropelada na passadeira ali em frente.

- Oh, está bem, está bem, Dra.... Não me venha com essa, é diferente. A senhora não vive com a espada sobre a cabeça.

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Qualquer tentativa de resposta me pareceu ridícula. Fiquei em silêncio, segurei-lhe na mão e esbocei um sorriso tímido.

Os bons casamentos

É ali, no gabinete de consulta.

Vê-se pela forma como se dirigem a elas, se evitam ou não o olhar enquanto elas se despem, se lhes seguram ou não a mão enquanto conversam comigo, se as ajudam a tirar da bolsa ou do saco os medicamentos que tomam presentemente, se sabem ou não as datas de cor.

Podem mesmo nunca as acompanhar, sair no momento do exame, recusarem-se a sentar, encostando-se nervosamente à parede, suspirando com enfado, olhando propositadamente o relógio vezes sem conta enquanto conduzo a consulta. Alguns já as abandonaram, divorciando-se delas precisamente no momento crítico da luta contra a doença, enquanto fazem a quimioterapia ou pouco depois da cirurgia. Começo a conhecê-los, aos maridos.

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É ali, no gabinete de consulta, com as pacientes mastectomizadas, que se vê quem fez um bom casamento.

Dúzias

Ando farta de entrar no meu local de trabalho e de sair apenas 11 a 12 horas depois, sendo que, como é facilmente calculável, estarei a entrar lá dali a 12, 13 horas mais tarde. Todos os dias. Já nem me irrita tanto que ninguém me pague mais por isso. O que me incomoda é que não tenho tempo para mais nada.

Alguém dizia ontem "Na Medicina é assim, o nosso horário de saída é quando o trabalho estiver terminado". Pois, o problema é sobrecarregarem-nos diariamente.

Acreditem, interno sofre. Ando fartinha.

Aniversário II

O Pink faz hoje 5 anos.

Embora ultimamente não pareça, por aqui não houve desistências. Aliás, afianço-vos, a palavra de ordem é mesmo resistir.

Saber-vos desse lado, aos resistentes, é um bálsamo.

Obrigada.

Venham mais cinco!

Hasta la vista

Por Andaluzia nos próximos dias. A recuperar o fôlego.

Fragmentos de Felicidade quotidiana

Almoçar antes das 14:30h (raro), conseguir pôr o dedo até 45 min após a hora de saída que figura no horário (extremamente raro), dormir o número de horas suficientes (o que é isso?).

Fragmentos de Felicidade

O amor e apoio incondicionais de uma certa pessoa, os amigos que apareceram no dia 12 (o número superou a expectativa) e os que telefonaram/comunicaram, uma refeição calma com a minha família, a Francesinha na Cufra do Transparente com o mar e o sol do lado de lá da janela, em boa companhia.

Aniversário

- Com o stress com que ando, vou morrer nova.

Contas

Eram 4206 Km de lágrimas, 5606 de calmaria e 7008 de resignação.

Escanifrado

Fazendo minhas as palavras dele, também este blogue anda seco.

Talvez sejam os meus doentes a esgotarem-me as palavras e os sentimentos. Estes doentes requerem mais palavras e sentimentos. Às vezes parece que fica tudo ali dentro, assim que transponho a porta para o exterior. É como se regressasse vazia a casa.

Há que aguardar que o equilíbrio se estabeleça e as palavras regressem.

Nas palavras dela

Janeiro e Fevereiro são meses maus. Só trazem mortandade.

Dia Mundial Contra o Cancro

Deixo-vos aqui uma frase que figura no site da UICC, cuja tradução é sensivelmente a seguinte:

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No mundo de hoje, todos iremos ser tocados pelo cancro: como pessoas a viver com cancro, como familiares ou como amigos.

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Como profissionais da área, acrescento.

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Importa, pois, não fechar os olhos ao problema e, sobretudo, prevenir.

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E vocês, o que é que estão a fazer pelo Dia Mundial Contra o Cancro?

Da universalidade das profissões

- São os mesmos em todo o lado!

A doença

Há várias doenças, bem entendido. A várias nos podemos referir como a doença.

A doença, substantivo feminino, singular. Singular não, uma doença qualquer, uma doença comum, nada de raridades. De muitas podemos dizer a doença, mas na verdade há singulares ainda mais únicos.

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Há uma que é a doença.

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Duas, pronto. Não mais.

Uma, vislumbrei-a mais de perto, por algum tempo.

A outra, comecei a percorrer o trilho de a tratar por tu.

Sobretudo a doença

É tudo especial: os doentes, a organização, as pessoas, o ambiente, a doença.

Número Um

Primum succerrere.