sábado, outubro 16, 2004

Sonhos

As minhas mãos estavam molhadas com o suor do sonho. Cheiravam a mel e a margaridas. Levantei-me da cama e entrei na casa de banho. Abri a torneira da água quente e lavei as mãos. Só água muito quente permite tirar o cheiro de um sonho das mãos. Os restos do sonho soltaram-se quando já não conseguiam suportar a temperatura da água. Vi-os escoarem-se pelo ralo do lavatório. Enxuguei as mãos e levei-as ao rosto. Senti ainda uma réstia de um cheiro a tulipas. Os meus olhos piscaram ao ritmo do bater das asas de uma borboleta. Algumas imagens dispersas cruzaram pela última vez a minha memória.
Em Arcas de Sonhos, de Renato Roque

Sem comentários: