quinta-feira, outubro 28, 2004

Amizade

Ao J.F.
És as páginas do meu diário secreto
És o eco do meu grito incompleto
És o cofre que guarda as lágrimas dos meus olhos
Como se de preciosos diamantes se tratassem.
És o chilrear dos passarinhos
Que me acorda, de manhã, e me dá os "bons dias".
És a flor, és a pedra do caminho
Que tudo sabe, mas que cala.
És a concha pousada na fina areia da praia,
Que dentro guarda as notas de melodias inéditas.
És a frescura da água das fontes
Que mata a minha sede de viajante fatigado.
És o leito, suave, macio, delicado
Onde me deito, confiante e a sorrir
E onde adormeço, segura, protegida
Sob os lençóis, tão macios!,
De Amizade feitos...

Escrito a 12/03/1997, às 21:45h

O fim de uma pausa prolongada

Decidi, afinal, não te escrever o post que andava a marinar há tempos. Preferi, antes, resgatar um poema (Amizade), que te escrevi há 7 anos (atenta bem na data), e julgo nunca te ter mostrado. Algo pueril, agora, mas sincero como o são os sentimentos na adolescência. Porque, no fundo, foi esse tempo que retomámos este Verão. E ficámos a rir-nos dos caprichos de Saturno, que interromperam a nossa amizade, mas não a quebraram. Porque a Amizade tem esse dom (entre outros): ser capaz de resistir ao Tempo.
Ainda bem. Que assim se preserve.

sábado, outubro 23, 2004

A digestão da mentira

Acabo de confrontar-me com a tua mentira. Agora mesmo. Sem dar tempo ao pensamento, cliquei no Blogger e aqui me encontro, a digeri-la. Sim, é isso que se sente, um baque no peito, uma indisposição gástrica, o cérebro às voltas... Não consigo perceber por que mentiste, mas sei que a tentativa de compreensão do facto me vai ocupar o resto do serão. É certo que assim será. É este o poder da mentira. O baque vai virar dor, a indisposição progredirá para dispepsia franca e o redemoinho de pensamentos culminará em cefaleia. Felizmente, já inventaram os coxibes.
Amanhã estarei de volta.

sexta-feira, outubro 22, 2004

Mais sonhos

Acordei. Dobrei com todo o cuidado o sonho. Dobrei-o quatro vezes.
d
Em Arcas de Sonhos, de Renato Roque

segunda-feira, outubro 18, 2004

Pergunta e resposta

- És uma pessoa apaixonada?
- Sim, sou. Pela vida, em geral, e por ti em particular.

sábado, outubro 16, 2004

Sonhos

As minhas mãos estavam molhadas com o suor do sonho. Cheiravam a mel e a margaridas. Levantei-me da cama e entrei na casa de banho. Abri a torneira da água quente e lavei as mãos. Só água muito quente permite tirar o cheiro de um sonho das mãos. Os restos do sonho soltaram-se quando já não conseguiam suportar a temperatura da água. Vi-os escoarem-se pelo ralo do lavatório. Enxuguei as mãos e levei-as ao rosto. Senti ainda uma réstia de um cheiro a tulipas. Os meus olhos piscaram ao ritmo do bater das asas de uma borboleta. Algumas imagens dispersas cruzaram pela última vez a minha memória.
Em Arcas de Sonhos, de Renato Roque

quarta-feira, outubro 13, 2004

Sensatez - II

Nunca voltes ao lugar
Onde já foste feliz
Por muito que o coração diga
Não faças o que ele diz

Nunca mais voltes à casa
Onde ardeste de paixão
Só encontrarás erva rasa
Por entre as lajes do chão

Nada do que por lá vires
Será como no passado
Não queiras reacender
Um lume já apagado

São as regras da sensatez
Vais sair a dizer que desta é de vez

Por grande a tentação
Que te crie a saudade
Não mates a recordação
Que lembra a felicidade

Nunca voltes ao lugar
Onde o arco-íris se pôs
Só encontrarás a cinza
Que dá na garganta nós

São as regras da sensatez
Vais sair a dizer que desta é de vez

Carlos Tê / Rui Veloso

Sensatez - I

Este post é para ti. Tu também sabes que sim. Não, não te vou repreender, criticar, maçar... Sei bem o que tens passado (tu sabes bem o que tens sentido sobre o que tens passado), mas acho que é preciso recordar-te que, de momento, há esferas da tua vida que precisam da tua dedicação e atenção urgentes e que todas as outras devem ficar em stand by... Faz uma das coisas pelas quais sempre te admirei e em que te considero exímio: racionaliza (acredita, digo isto sem um pingo de crítica e com a maior honestidade). Se não for por ti, fá-lo por mim. Não me desiludas. Dito isto, deixo-te aqui a letra d' As regras da sensatez. Para bom entendedor, uma música basta.