Peço uma caneta emprestada para escrever no meu caderninho (que foi comprado propositadamente para esta viagem, com as dimensões adequadas para caber no bolso da bata, mas que acabou por se tornar no suporte de papel onde escrevo os posts que publico a partir dos computadores do Espaço Internet cedido pela Câmara...).
Espero que me sirvam o jantar. É curioso, foi aqui que jantei na primeira noite em que cheguei a esta terra. Esta semana tenho sentido um aperto no peito, que começou de forma insidiosa, é intermitente, irradia para a alma, agrava à medida que o regresso se avizinha e não tem posição antálgica. Não consigo deixar de o sentir, mas tenho-o mantido controlado. Não quero que este sentimento de saudade antecipada me embote os sentidos. Quero experimentar tudo, até ao último momento. Não lido bem com despedidas, é verdade ("Parting is such sweet sorrow...", como dizia Shakespeare), mas também não tenciono despedir-me do Nordeste Transmontano. Pretendo dizer-lhe somente um até já...
O meu jantar chegou. A noite afigura-se longa: ainda tenho que voltar ao Hospital e depois sigo para a discoteca de decoração egípcia (hoje, com direito a sessão de strip).
Escrito a 12 de Agosto de 2004
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