domingo, novembro 21, 2004

O jazz da Jacinta

Ontem estive no Casino da Póvoa. Convite para dois, fato escuro, jantar integrado no Festival Gastronómico da Caça: pombo, faisão, coelho bravo, perdiz, veado, javali...
Aceitei ir com o meu pai a este jantar em que fico sentada ao lado de casais na faixa dos 50-60, que praticamente não me dirigem a palavra, a ouvir falar de negócios a noite inteira, só pela Jacinta. Vais gostar, tem boa voz, disse a minha mãe, que já a tinha ido ver com o meu pai ao Rivoli. Fui. Aperaltei-me toda (dentro do informal, não fui de vestido comprido nem nada do género) e preparei-me para morrer de tédio até ao início do espectáculo.
Foi melhor que o previsto: casais na faixa dos 40-50, que me interpelaram por duas vezes e conversas sobre crianças que, na escola, destruiram os estojos dos colegas com uma tesoura e tiveram laranja no comportamento e adolescentes com distúrbios alimentares. A melhorar em relação à última vez que cá estive, pensei.
Foi aí que ela entrou: Jacinta acompanhada de músicos nacionais. A vestimenta era simples (até demais, acho), a atitude humilde, mas gostei da proximidade com o público.
Deixei-me contagiar pelo jazz. Vibrei mesmo. Não estivesse ali e até me levantava para dançar. Os músicos estavam divertidíssimos e eu gosto de espectáculos assim, apetece-me juntar-me a eles.
A actuação não chegou a uma hora, soube a pouco. Mas deixou-me num humor excelente. À medida que o licor era absorvido pelo meu sangue e a música contaminava os meus sentidos, fui sendo invadida pela sensação de que tudo iria correr bem daqui para a frente. Até aquelas baladonas de blues, de uma tristeza alegre, me devolveram uma serenidade que ultimamente não tenho tido. A música sempre teve um efeito muito poderoso no meu estado de espírito.
It was worth it. Agradam-me noites destas. Em que se regressa a casa com a alma a cantarolar uma prece de agradecimento só pelo facto de estarmos vivos...

quinta-feira, novembro 11, 2004

Homicídio premeditado

Sim, acho que o vou fazer. Como diz LGM, o que não se pode resolver, vence-se. E vice-versa.
Vou matar o Amor. Por uns tempos, claro. Não é que o quisesse matar, mas quero enterrá-lo bem fundo, e como não sou uma pessoa cruel custa-me enterrá-lo vivo... Já o matei no passado, então convencida que era de vez, mas ele lá ressuscitou passado uns tempos e julgo, por isso, que a ressurreição é uma propriedade que lhe é inerente. Espero não me enganar. Ao fim e ao cabo, é somente a segunda vez que tento a proeza e, se estiver errada, vou sofrer as consequências do acto para toda a vida (e ainda estou em tenra idade)... Mas acho que vou arriscar. Preciso dele num sítio onde não me incomode, não me perturbe.
Só não sei ainda bem como o vou fazer. Para estas coisas não há protocolos estipulados. Mas talvez comece por deixar de esperar...

quarta-feira, novembro 03, 2004

Sorriso entre as 13:40 e as 14:25

Tive pena que o almoço não tivesse durado mais.
O restante dia não teve mais nada de assinalável.
Só mesmo o teu sorriso contagiante e as boas risadas que demos.
Antes e depois, apenas os livros e a dor surda que não cede completamente à injecção das horas.
Não me interessa dissecar a motivação desse sorriso, o que importa é que há muito que não te via sorrir assim. Deu-me verdadeiro prazer ver esse sorriso.
Foi o momento alto do meu dia.
Ainda bem que não partiste para o Brasil...