Esta tarde, quando ia de carro na marginal, um pouco antes de passar debaixo da Ponte da Arrábida, na direcção Ribeira-Foz, vi uma mulher sentada no muro a olhar o rio. Pouco passava das seis da tarde e o céu já vestia de pôr-do-sol. Ao longo desse muro vêem-se sempre vários pescadores, uns solitários, outros em grupo; há sempre gente a correr, de bicicleta, casais amorosos a passear, pares de amigas, turistas. Ela era mulher e estava sozinha, sem parecer esperar ninguém; de pernas cruzadas e cabelos levemente ondulados pelo vento. Hoje o tempo esteve bom, eu levava a janela meia aberta e desejei também fazer parte do cenário. Mas, estranhamente, - pensei de início - a rapariga não estava de costas para os carros a olhar a foz do rio e o poente. Estava de cabeça erguida, voltada para nascente. Não para onde o rio vai, mas de onde ele vem. Para o princípio. Depois entendi. Tinha os olhos bem abertos e a face serena. Estava a aprender a lição. A ouvir a verdade contada pelo cristal líquido. Fitando a direcção contrária. Quando todos olham o desaguar das águas. Fui a pensar nisto o resto do caminho. Achei uma atitude sábia. Também a mim me atraem agora os começos. De tudo. Os fins foram lá atrás.
sexta-feira, setembro 15, 2006
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Já faz algum tempo que venho por aqui com intenções de agradecer os seus comentários e visitas ao meu blogue. Por duas vezes o tentei fazer, mas fico sempre receoso com uma janela algo ameaçadora a alertar para inseguranças, falta de privacidade ou lá o que é!...que acabo sempre, um pouco levianamente, por desistir. Há cerca de um mês atrás, creio mesmo ter chegado a escrever um comentário por causa deste seu belo post. Não me lembro já o que aconteceu. A sério.
Hoje vim aqui para dizer isso e vou perder o receio da janelinha impertinente...
Continuarei a vir por aqui.
:)
Enviar um comentário