Estacionei o carro nas Virtudes. O arrumador de boné vermelho, que por lá pára diariamente, desenrasca-me sempre um lugar jeitoso e ajuda-me na manobra. Ou eu faço-o acreditar que sim. Ele conhece-me o carro e o sorriso, eu conheço-lhe a embriaguez e a boa-vontade. Tenho sempre tempo para uma palavrita com ele, mesmo num dia de chuva insistente. Caminho pela minha cidade. Toda a gente à minha volta se movimenta em passo apressado e de cara fechada. É dia de trabalho, de preocupações. Não para mim. Calmamente, de guarda-chuva em riste, olho à volta, satisfeita. Os Clérigos ainda estão cobertos com o taipal do Pierce patrocinado pela cerveja. Percorro o Carmo, Carlos Alberto, toda a Cedofeita.
Afazeres cumpridos, a volta. As botas húmidas, as calças alagadas até meio da perna. Desisto de ir à Fnac de Santa Catarina, mas não hesito, quando o eléctrico passa por mim, em entrar no Piolho. O Sr. Afonso serve-me o lanche, Então Dra., como tem passado?, espero que acordes para marcarmos encontro (invariavelmente ainda dormes às 16h e tal...). Encontro adiado, regresso pela marginal.
Às vezes tenho a sensação de que nunca parti.
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