domingo, março 23, 2008

Chama

Com a paixão vem a loucura, a urgência. O mundo é uma coisa muito longe.
Não é que não sinta igual. Mas tenho também a lição aprendida da decepção.
Por isso, peço-te paciência. Para o meu medo ir cedendo com vagar.
Também eu quero arder na chama. Mas não numa labareda fugaz. Nem tão pouco em lume brando.
Antes, numa fogueira grande, daquelas ao ar livre, à qual vamos adicionando, eu e tu, alternadamente, grossos troncos de madeira.

O trio escola-família-hospital

Aconteceu no Carolina Michaelis, mas podia ter acontecido em qualquer outra escola do grande Porto. Pode-se tentar colocar a culpa no tipo de alunos que frequentam o liceu (sim, vou tratar o Carolina por liceu): podemos alegar que a envolvência habitacional do liceu é complicada. Que há certos bairros. Podemos advogar que a professora já não é jovem, que não tem a constituição física para fazer frente a uma aluna espigada e mal-educada do 9º ano. De facto, não acredito que a população de alunos do Carolina Michaelis tenha mudado assim tanto na última década e, além disso, os professores são professores; não têm que ser cinturão negro de judo ou praticar boxe. Mais, isso são apenas desculpas e, creio, não vão ao âmago da questão.
O problema, contrariamente ao que ouvi um colega Psiquiatra comentar na TV (não podiam ter escolhido alguém que mais longe estivesse da realidade dos adolescentes e das escolas), na minha opinião, radica precisamente na família. Ou na alteração da dinâmica que a mesma vem sofrendo. É um problema social e só quem não percebe nada disso é que pode afirmar que os pais não têm nada a ver com o que os filhos fazem nas aulas. As nossas crianças, com pais que trabalham todo o dia fora e quantas vezes longe de casa, que mal os vêem à noite e com os quais não conversam, atiradas para frente das televisões e dos computadores, agarradas aos telemóveis à mesa nos restaurantes, andam absolutamente desacompanhadas e pouco sabem - entre tantas outras coisas - do que seja uma figura de autoridade e de como a respeitar. Que isto vai de mal a pior, qualquer pessoa sensata já conseguiu perceber. A solução para o problema? Também não a tenho, não é de todo a minha área. Mas o problema, esse, é fácil de diagnosticar.
São as famílias. A falta delas, o facto de pai e mãe, ou figuras equivalentes, trabalharem todo o dia fora de casa e não terem a menor ideia do que se passa com os filhos. São estas mesmas famílias que, pelos mesmos motivos, abandonam os velhos doentes nas camas dos hospitais e nos deixam a tarefa de tentar pô-los na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados. Que está a rebentar pelas costuras - o ministério diz que não - e não consegue dar resposta a todos os casos. Porque há velhos a mais. Ou melhor, há os que seria de esperar numa população a envelhecer e à qual a Medicina vai prolongando a vida. É isso mesmo. Os culpados são os mesmos. Os que abandonam os seus filhos nas escolas e os seus pais nos hospitais e querem que professores e médicos resolvam tudo. Mas as coisas não se resolvem assim, meus caros.
Eu estudei no Carolina Michaelis e já no meu tempo - até parece que sou velha - havia turmas problemáticas e rixas nos recreios. E violência contra professores. Mas eram casos mais pontuais. De qualquer forma, eu passei por lá e estou aqui. Mas confesso que me assusta a ideia de no futuro ter filhos a frequentar as nossas escolas. Por várias ordens de razões. Contudo, mantenho a esperança de até lá alguém conseguir resolver a equação. Mesmo num país tradicionalmente mau a Matemática.

domingo, março 16, 2008

Do ficar

Às vezes é mau ficar. Sobretudo quando se deseja ir. Quando se merece ir.
Mas o destino presenteou-me em troca.
Às vezes é bom que o plano não corra como o esperado.
E ainda tive a oportunidade de me ficar a rir. Que se lixem.
I'm glad they didn't allow me to go.

quarta-feira, março 12, 2008

Birthday

Se o mundo fosse criado hoje... éramos gémeos. Parabéns mundo!



domingo, março 09, 2008

6 insignificâncias sobre a minha pessoa

Francisco Carvalho, meu caro, desculpa-me a demora mas aqui fica a resposta ao teu desafio (dias antes o Sniper tinha-me colocado o desafio anterior, e eu que ando com tão pouca disponibilidade). Mas agradeço e respondo, é sempre um prazer!
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1. Gosto de cantar no banho.
2. O meu prato favorito - pasmem! - é panados de peru com arroz de ervilhas e salada. Foi algo que ficou da infância e está instituído de tal forma que é o menu anual do Domingo de Ramos em casa da madrinha. Mea culpa!
3. Gosto de me levantar tarde e deitar tarde também; sou noctívaga e gosto bastante de trabalhar nas horas nocturnas, no sossego da casa. Hábitos que se harmonizam pouco com a minha profissão e que volta e meia me causam alguns dissabores...
4. Também adoro praias desertas. Eu que sempre gostei mais do campo, nos últimos anos tenho dado por mim a gostar dessa imensidão de céu, mar e areia. De preferência com poucas pessoas.
5. Também nunca esqueço uma cara, mas sou péssima com nomes.
6. Sou aracnofóbica.
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E lá vou avisar-vos.

quinta-feira, março 06, 2008

12 palavras

Fui apanhada na cadeia das 12 palavras.

Assim, aqui vão as minhas favoritas (claro que em outra ocasião poderia não escolher precisamente estas 12, mas avante com o desafio):

- palavra: porque é das coisas que mais me diz na vida e porque ela mesma diz também todas as coisas;

- bliss: em inglês, pois claro!, da qual adoro a sonoridade e o sentimento;

- Porto: porque é o nome da minha cidade e porque nos últimos anos, agora exacerbado pela saudade e pela distância, é de lá que me sinto. Onde quer que passe o resto da minha vida, o salto terá sido sempre do Porto para o mundo.

- Trás-os-Montes: graficamente bela, esta palavra composta encerra a minha segunda morada afectiva e quase toda a minha família;

- amor: de todos os tipos e feitios, para mim o sentimento mais nobre. Fosse esta uma lista de sentimentos, e este vinha à cabeça;

- medicina: mais do que uma profissão, é algo que professo todos os dias; e de que gosto intensamente.

- sonho: porque sonho muito, acordada e a dormir, e creio que é mesmo isto que faz o mundo avançar,

- exquisite: porque me recordo perfeitamente do momento em que me ensinaram o significado desta palavra, tinha eu quatorze anos, no interior de uma igreja inglesa;

- cisco: porque é uma palavra que a minha avó e a minha mãe usam muito, não tenho a certeza se é um regionalismo, mas acho-lhe graça e também a uso frequentemente;

- mãe: porque há só uma, amo a minha e acho a maternidade fantástica;

- café: sou viciada nele, bebo vários por dia, e porque ir beber um é sempre um excelente pretexto para imensas coisas, nomeadamente estar com os amigos;

- amigo: é das coisas mais valiosas que se pode ter.


Agora vem a parte difícil de passar a brincadeira a 12 pessoas... E como não há 12 pessoas com quem eu tenha proximidade suficiente para passar a responsabilidade, imagino que algo de mau me irá acontecer! Bem, terei que passar só a meia dúzia e aguardar os desígnios da sorte.
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Constatação

Preciso de férias.

domingo, março 02, 2008

Corre-Portugal

Manhã na Urgeiriça, tarde em Coimbra e noite na Póvoa de Varzim.